quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Clandestinos "crescem como cogumelos" junto a Melides
Publico, 27.08.2008
A demolição de um grande bairro clandestino em 1995 na duna primária deu origem a novas casas ilegais em área de rede Natura 2000
A cerca de meio quilómetro da praia de Melides e no interior de um denso pinhal, inscrito na rede Natura 2000, o mais variado tipo de casas clandestinas "crescem como cogumelos". A expressão é do presidente da Câmara de Grândola, Carlos Beato, que admite não ter meios para resolver a situação.
A construção ilegal cresceu a partir 1995, quando foram demolidas cerca de 200 barracas na duna primária sobranceira à praia, e sofreu um novo incremento nos últimos cinco anos. Os procedimentos são os mesmos que na península de Setúbal e concelhos periféricos de Lisboa. O terreno é loteado em fracções - operação desenvolvida há 30 anos - e o proprietário solicita à EDP electricidade para abrir um furo artesiano. A seguir, o lote é vedado e ergue-se um pré-fabricado. O espaço abarracado vai dando lugar a uma construção em alvenaria.
Consoante o poder financeiro, continuam a erguer-se casas modestas ou mansões, onde não falta a piscina, campos de ténis e/ou de basquetebol, parque infantil, garagem, zonas ajardinadas, churrasqueira e portão automático.
Proliferam os pormenores kitsch de uma Vivenda Peggy, pintada a tinta cor-de-rosa, ou a Vivenda Resina, rodeada de eucaliptos. Acessos ostentam avisos de "propriedade privada", escritos a marcador num rectângulo de papelão. A ilegalidade não escolhe nacionalidades. A Câmara de Grândola limpou recentemente uma área de pinhal onde uma alemã instalou um campingplatze (parque de campismo). Ao lado de moradias, algumas com 220 metros quadrados de área coberta, erguem-se barracas de madeira cobertas de chapa metálica ou de plástico, construções em tosco, caravanas com anexos construídos em alvenaria, estruturas incompletas que avançam à medida das disponibilidades financeiras dos seus proprietários.
Três centenas de ilegais
As construções mais sofisticadas possuem sistemas eólicos e fotovoltaicos. A "urbanização" estende-se por quatro parcelas de terreno com mais de um quilómetro de comprimento, por 100 metros de largura, no interior de um denso pinhal com manchas de eucaliptos. Dário Cardador, dirigente da Quercus, diz que a associação ambientalista já solicitou à Câmara de Grândola uma solução para travar o crescimento do bairro clandestino, "onde não há ordenamento, nem rede de esgotos e de água".
O presidente da autarquia reconhece estar perante um problema "muito complicado". Carlos Beato acredita que estará para breve uma solução com base nas contrapartidas que pretende negociar com os "promotores interessados" na instalação da área de desenvolvimento turístico prevista no Plano de Ordenamento da Orla Costeira Sintra/Sines, para o concelho de Grândola.
O autarca pretende resolver "com bom senso e equilíbrio" a situação de ilegalidade que envolve os proprietários de mais de 300 habitações, construídas nos últimos 30 anos. A proliferação de clandestinos, nota, "não pode continuar", mas a câmara, só por si, "não tem condições para fiscalizar" o aparecimento de novas casas, que ao fim-de-semana "crescem como cogumelos".
Acção de recuperação da praia de Melides iniciada em Março tem um prazo de execução de oito meses
a No âmbito do projecto de requalificação da lagoa de Melides, em 1995, o executivo camarário ordenou a demolição de um bairro de lata de grande dimensão, com mais de 200 barracas construídas clandestinamente desde 1975 sobre a duna primária na praia de Melides. Só 13 anos mais tarde, em Março de 2008, é que chegou a vez de os seis restaurantes instalados entre a praia e a lagoa serem demolidos, uma acção que faz parte de um projecto de requalificação ambiental daquela zona da costa portuguesa que prevê a gestão no plano de água, na barra e na envolvente directa do sistema lagunar que enfrenta um grave problema de eutrofização. Neste sentido está a ser elaborado um estudo, que incide sobre a lagoa de Melides, um sistema lagunar costeiro que estabelece um contínuo com as lagoas da Sancha e de Santo André, protegidas por Reserva Natural. Em particular, foram estudados os problemas de eutrofização que se encontram associados a dois factores principais - afluxo de nutrientes à lagoa e a instabilidade da barra de ligação com o mar. Para ambos os fenómenos foram elaboradas propostas e recomendações para uma optimização da gestão da lagoa de Melides. Cerca de 600 mil euros já estão a ser investidos na recuperação da praia, enquanto a recuperação da lagoa aguarda por melhores dias.
O campingplatze, só para cidadãos de nacionalidade alemã, funcionava num terreno que, segundo Dário Cardador, dirigente da Quercus para o litoral alentejano, nem sequer é propriedade da cidadã germânica. No local, a marcar a instalação do "empreendimento turístico" encontra-se um móvel de sala, um carro em adiantado estado de decomposição e um toldo de plástico que servia de espaço de lazer para os campistas.
sábado, 16 de agosto de 2008
O SEGUNDO FÔLEGO DE TRÓIA
Um verdadeiro estaleiro. É nisto que está transformada a península de Tróia, a três semanas da abertura da primeira fase do complexo, agendada para 8 de Setembro. Três anos depois da implosão das torres, o DN foi ouvir as expectativas e aspirações de quem lá vive, passa férias e trabalha. E saber o que pensa quem viu este projecto inovador nascer, florescer, definhar e renascer das cinzas pela mão da Sonae. Os tempos áureos deixam saudades, mas não há quem acredite num regresso ao passado. O futuro divide opiniões. Há crentes, descrentes. Acima de tudo, muitos expectantes
Quando o Pato Real atracar em Setúbal, ao final do dia, José Soares não trará navalhas para o jantar, como antigamente. Nem o regalo de uns mergulhos bem dados na piscina da Torralta. Apenas o bronze que diz só Tróia oferecer e o consolo de um dia passado em família na que considera ser a melhor praia do País. Dos tempos áureos de Tróia, vividos há quase 30 anos, restam-lhe hoje as memórias de infância marcadas pelo overcraft, o minigolfe e os petiscos colhidos na praia. Do que nesta manhã nublada vê erguer-se velozmente na península, pela mão do gigante Sonae, fica a confiança no projecto que trará turismo, emprego e o tão ansiado desenvolvimento à região.
"Apanhei o auge de Tróia, quando o meu pai era chefe de cozinha do Bico das Lulas e se serviam 1500 almoços por dia. Depois veio a fase negra, o mato cresceu e as infra-estruturas degradaram-se. Agora acredito que todo o País vai beneficiar com este investimento", afirma este habitante de Setúbal, de 36 anos, a bordo do novo ferrie que faz a travessia do Sado.
As opiniões sobre o futuro de Tróia dividem- -se e fazem-se acompanhar dos mais variados sentimentos, que vão do optimismo à indignação. A três semanas da inauguração da primeira fa- se do projecto - duas das antigas torres da Torralta e alguns apartamentos abrem a 8 de Setembro -, há quem saúde os 400 milhões de euros investidos pelo engenheiro Belmiro e aí deposite todas as esperanças e quem tema o fracasso de um promotor "guloso" que "dá passos maiores do que a perna" e pode "matar o negócio". No meio do verdadeiro estaleiro em que Tróia se transformou há quem só anseie vislumbrar o fim de três anos de obras, impregnados de pó, confusão e muita falta de informação. Uma coisa é certa, dizem visitantes e moradores: o sossego foi-se e o excesso de construção é "uma realidade que salta à vista".
Se José Soares acredita na mudança para melhor, Sandra, sua mulher, desconfia que os benefícios prometidos lhe digam directamente respeito. "O que está a nascer é para quem pode", atira, fun- damentando a teoria no aumento dos bilhetes de barco (cuja viagem de carro subiu de 5 para 9,5), a deslocação do cais para a zona norte, os preços praticados no bar da praia e as muitas centenas de milhares de euros que custam as casas. O turismo possível para esta família de Setúbal, acompanhada dos primos emigrantes equipados com chapéus-de-sol, pranchas de bobyboard e kitsurf, fica-se pelo remodelado passadiço que conduz ao areal, os banhos na zona rio e o farnel trazido de casa. Na esplanada do 100 nós, o bar aberto há dias e de onde não se vê o mar devido à altura excessiva do parapeito, talvez consumam um café ou um gelado.
Quem trabalhou na Torralta sobreviveu às lutas laborais e acompanhou a sempre iminente falência da empresa, encara este novo fôlego com entusiasmo. Mas com cansaço também. Joaquim Pires, que se estreou em 71 no famoso Bico das Lulas e viveu os tempos mais conturbados como representante dos trabalhadores, está confiante, acredita que o projecto está em boas mãos. Menos animadas estão as colegas Lurdes e Josélia, empregadas de andares há mais de 20 anos e desejosas de trocar a limpeza das camas e dos tachos por um descanso merecido.
Críticas dos moradores
Do terraço da banda A, Ricardo Martinez também não avista grande optimismo. "Tenho visto tanta asneira...", desabafa, mirando a vista para a serra e o rio que a marina e o centro de congressos lhe roubaram. "Foi uma estupidez terem feito tudo ao mesmo tempo. Os disparates são mais que muitos", lamenta o dirigente da Associação Viver Tróia e morador no núcleo central. E dá exemplos: os montes de terra com quase dois metros de altura erguidos no meio do jardim infantil para evitar transformar o relvado num campo de futebol mas que tapam a visibilidade dos pais para as brincadeiras das crianças; as ruas esburacadas a toda a hora, a alteração constante dos acessos e do trânsito que bloqueia a saída; as areias do entulho das obras despejadas na praia e que trouxeram à areia fina pedaços de cimento e tijolo; a fila única para os carros que vão de barco pelo cais novo e que, em dias de maior confusão, traz até à estrada principal uma enchente capaz de dificultar o tráfego; ou as bicicletas que não podem ser transportadas no barco de passageiros e obrigam um pai a desmontar o veículo da criança ou a pedalar até ao cais da Atlantic Ferries.
"Somos os primeiros interessados em que isto corra bem. E há coisas que sabemos que têm mesmo de ser e exigem sofrimento e paciência. Por isso temos pedido informações à Sonae sobre o que vai acontecer. Mas não temos respostas", lamenta este professor de Setúbal que aqui comprou casa há dez anos e hoje se vê arredado de toda a tranquilidade. Sobre o futuro, Ricardo Martinez mostra descrença. "As pessoas vinham para cá porque é perto de Lisboa e era turismo de baixa densidade. Se for caro e confuso, vão para o Algarve."
À sua voz de protesto juntam-se outras, como as de três casais que há dias trocavam impressões na Praça das Quadras. "Quando aqui comprámos casa sabíamos que ia haver uma intervenção. Mas a vida não tem sido fácil. Não há nada para fazer, nem um lugar para beber um café ou comprar pão", afirma uma moradora, enquanto as crianças brincam no tapete de relva acabado de desenrolar. Havia estruturas a pensar nas famílias, piscinas, pizzarias, esplanadas e preços ajustados, dizem estes resistentes que, mesmo no meio do pó, arriscaram este Verão mais umas férias. Agora, "é esperar que esta travessia no deserto passe rápido", acrescenta o amigo, também da região.
A estratégia da Sonae, resumem-na assim: "Parar, destruir o que havia e voltar a abrir. Queriam fechar isto para que ninguém viesse cá nas obras. Esqueceram-se de que há pessoas que passam cá o Verão e vêm sempre que podem." O futuro permanece envolto em interrogações: "Não sabemos se vamos ter estacionamento, usufruir da piscina ou do ténis", dizem. "Porque não um cartão de residente?", atiram, deixando a proposta no ar.
As boas notícias da península são frescas e prendem-se com a protelada aspiração: o supermercado. No centro, o Tróia Market já abriu portas e diz quem lá comprou que a carne é excelente e a variedade, enorme, constatável pelas inúmeras qualidades de cogumelos expostas.
Contactada pelo DN, a Sonae Turismo garante que tem feito um esforço para "executar as obras sem causar grande incómodo, como se demonstra pelo facto de ainda não ter sido necessária qualquer interrupção nos abastecimentos de serviços públicos às bandas". Isso só tem sido possível, prossegue, "graças a uma meticulosa gestão das diversas fases de obra, nunca pondo em causa o acesso aos apartamentos como sugeriria tão vasta e complicada intervenção".
O que a Sonae considera um incómodo menor, Teresa, dona de um apartamento nas bandas, compara a um cenário de guerra. "Quando cheguei nos feriados de Junho até me ia dando uma coisa. Beirute tinha melhor aspecto", desabafa junto a um restaurante na Comporta, onde foi em busca de um sítio para almoçar.
Nessa aldeia a 14 quilómetros de Tróia, a que recorrem os moradores sempre que precisam de adquirir alguma coisa específica, o negócio não está tão bom como em verões anteriores. Talvez seja a crise, o tempo que não está famoso, ou a falta de gente que não veio por Tróia estar como está. Luís Serra, dono de um restaurante, está nesta aldeia há mais de 25 anos e alerta para o que pode vir quando, a seguir a Tróia, chegarem os milhares de turistas para se alojarem nos empreendimentos projectados para a região. Herdade da Comporta, Pinheirinho e Costa Terra são apenas alguns projectos que, nos próximos anos, trarão mais 12 a 14 mil camas turísticas a uma faixa de 40 quilómetros de costa que aqui começa. "Será que vai haver infra-estruturas para esta gente toda e para as pessoas que aqui vierem trabalhar?"
Carlos Beato, presidente da Câmara de Grândola, diz que sim. O autarca não esconde o entusiasmo que a inauguração de Tróia lhe causa. "Vai fazer toda a diferença nas expectativas de desenvolvimento que esta região tem há muitos anos." Na sua opinião, "Tróia é só o elo alavancador do que está para vir e que servirá de motor do próximo destino de excelência de Portugal: o litoral alentejano", acrescenta, recusando a expressão "turismo de massas". Aos moradores, o presidente da autarquia pede desculpas pelos transtornos, mas lembra que "não há bela sem senão". E sublinha os investimentos que a câmara, juntamente com o promotor, realizou: o posto da GNR, a recuperação do passadiço de acesso à praia, o novo posto de apoio à saúde ou a praia com bandeira azul.
As fases do empreendimento
Três anos após a implosão das duas torres da Torralta, e nesta primeira fase de arranque do Tróia Resort, abrirá ao público uma parte dos apartamentos junto à praia e duas das antigas torres, agora remodeladas e transformadas no Aqualuz Suite Hotel Apartamentos. A marina já está em funcionamento desde o início do mês e metade dos 365 apartamentos que estão a ser concluídos já está vendida. As moradias que estão incluídas na Unidade Operativa de Planeamento 2 ficarão concluídas no primeiro trimestre de 2009 e o projecto Ecoresort (do Grupo Pestana) não deverá arrancar antes de 2011. O centro de congressos, o hotel de cinco estrelas e o casino, geridos pelo Grupo Amorim, ainda não têm data anunciada para abrir ao público.
A Sonae Turismo garante que a todos os clientes que adquiriram apartamentos na marina foi dada a oportunidade de arrendar um lugar na marina. Mas uma pessoa contactada pelo DN afirma que reservou um apartamento há dois anos e acabou por desistir da compra, pois não lhe foi dada essa certeza. Além disso, o preço do aluguer foi considerado excessivo. "A tabela é alta, mais do dobro de Vilamoura e três vezes mais cara do que Cascais." Há dias, não chegavam a uma dúzia os barcos ali parados. Outra questão que não agradou a este potencial comprador foram as condições de aluguer, que, explica a Sonae, têm todas de ser acordadas com a entidade exploradora.
sábado, 9 de agosto de 2008
Também o vimos na Galé
Tubarão assusta costa alentejana
Correio da Manhã, 04.08.2008
Um animal com cerca de cinco metros de comprimento, que as autoridades marítimas identificam como um tubarão-frade, passou ontem a pouco mais de duas dezenas de metros da costa alentejana provocando o susto entre os muitos veraneantes que se encontravam nas praias do Pego e do Carvalhal, em Grândola.
Surpreendidos com a aparição da criatura marinha – de cor negra e com uma barbatana fora de água – os banhistas foram afastados rapidamente da água pelo pessoal do Instituto de Socorro a Náufragos (ISN).
Os nadadores salvadores tinham sido avisados momentos antes da presença do tubarão-frade por uma lancha particular que navegava na zona e que o avistou.
Os frequentadores da praia do Pego avistaram o peixe cerca das 13h30 gerando-se imediatamente grande burburinho no areal. Um dos socorristas seguiu a passagem do animal com binóculos e confirmou tratar-se de uma aparição raríssima nesta zona costeira.
'Tive de explicar às pessoas que não era um tubarão perigoso, porque a maioria estava convencida que o era devido à dimensão e ao formato da barbatana que saia da água', referiu ao nosso jornal o nadador salvador do ISN, André Mendes.
Os cerca de dez banhistas que se encontravam a banhos na praia do Pego foram obrigados a sair do mar até o animal desaparecer da vista. Na altura muitos veraneantes deslocaram-se para a beira-mar e seguiram durante vinte minutos o percurso do exemplar com excitação e curiosidade, tendo o episódio sido motivo de conversa durante a tarde. 'Passou muito devagar em frente da praia, sempre à tona de água e a pouco mais de vinte metros do areal. Levou quinze a vinte minutos e foi acompanhado de perto pela lancha particular', disse um banhista.
Gabriel Silva, funcionário do restaurante da praia do Pego, nunca tinha visto nada igual nesta zona da Costa Alentejana.
'É a primeira vez que vimos um exemplar desta dimensão. Vi as pessoas um pouco assustadas quando estavam a ser retiradas da água, mas pouco depois voltou tudo ao normal', diz Gabriel Silva.
'PODE REGRESSAR À COSTA'
As autoridades marítimas dizem que a aparição do tubarão-frade junta da costa portuguesa é um acontecimento raro que se pode dever a ferimento ou doença. 'Pode regressar até junto da costa se estiver debilitado', referiu fonte da Capitania do Porto de Setúbal. O animal foi avistado pela hora de almoço em duas praias do concelho de Grândola e ter-se-á afastado cerca de vinte minutos após o primeiro alerta. 'Patrulhámos a costa até à praia da Aberta Nova mas não o vimos. Um pescador disse que o viu a ir para alto-mar', frisou. Há trinta espécies de tubarões nas águas portuguesas. O aquecimento global torna cada vez mais frequente a migração destas espécies.
'ESPÉCIE INOFENSIVA' (João Pedro Correia, biólogo marinho)
Correio da Manhã – Como se caracteriza o tubarão-frade?
João Pedro Correia – É um tubarão vegetariano, pois só come plâncton. Atinge tamanhos bastante consideráveis, podendo chegar aos 12 metros de comprimento, mas é inofensivo.
– É frequente encontrá-lo na costa portuguesa?
– Ocasionalmente aparecem em águas portuguesas. Pelo menos uma ou duas vezes por ano, temos registos desta espécie. É um tubarão de águas frias. Portugal será, por assim dizer, o limite inferior da sua área de acção.
– Em que estado de conservação se encontra?
– Actualmente faz parte do lote de espécies protegidas nas águas europeias. Durante os anos 60 esteve quase extinto na costa da Irlanda, devido à pesca desenfreada. Como tem uma barbatanas muito grande, em especial a peitoral e a dorsal, era comercializado para o Oriente.
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
1ª Maratona Costa Azul (parapente)
Céus da costa alentejana recebem prova em Agosto.
O parque de campismo da Galé recebe os participantes da 1ª Maratona Costa Azul de Parapente, que decorre entre 15 a 17 de Agosto, na costa alentejana, entre Grândola e Sines.Cerca de 80 pilotos de nível 3, 4 e 5, vão sobrevoar as belíssimas praias alentejanas, numa maratona onde, para além da promoção do parapente, enquanto actividade desportiva e de lazer, pretende-se também divulgar e valorizar as excelentes condições do Litoral Alentejano para a prática desta modalidade.Durante três dias (15, 16, 17), entre as 10h30 e as 19h00, a competição desenvolve-se em 3 fases:
- Maratona Elite
– prova de longa distância (45 Km), entre as praias da Galé, Pego e praia do Norte;- Maratona Sport
– Prova de velocidade (25 Km), entre as praias da Galé, Pego, Aberta Nova e Galé;
- Maratona Etapas – prova em 3 troços (20 Km, 15 Km, 10 Km).
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Grândola: Carlos Beato aposta na transformação de concelho rural em destino turístico de excelência
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Grândola, 02 Ago (Lusa) - A transformação de um concelho rural num destino turístico de excelência é o objectivo do actual presidente da Câmara de Grândola, Carlos Beato, que promete recandidatar-se ao cargo nas próximas autárquicas, para concretizar a mudança iniciada em 2001.
Carlos Beato visitou Grândola pela primeira vez na década de setenta do século passado, a convite de uma camarada de armas, numa altura em que estava longe de imaginar a sua participação na Revolução de Abril e a posterior eleição para presidente daquela autarquia, como candidato independente nas listas do PS, nas eleições autárquicas de 2001.
A primeira vez que foi a Grândola ficou também gravada para sempre na vida de Carlos Beato, porque ali conheceu a mulher e mãe dos seus dois filhos, a Joana e o Pedro, que diz ter tido um papel fundamental em toda a sua vida.
Ribatejano dos quatro costados, como gosta de dizer, Carlos Beato, estudou em Benavente, Vila Franca e Alenquer, tendo concluído o Liceu em Lisboa, cidade onde também se licenciou em Gestão, em 1970, numa altura em que estava longe de imaginar a sua participação na Revolução de Abril e a eleição como presidente da autarquia grandolense.
Em Outubro de 1973, foi convidado por Salgueiro Maia para integrar o movimento dos capitães e participar na operação "Fim Regime", que ditou o fim da ditadura fascista, na madrugada de 25 de Abril de 1974.
"Percebi logo do que se tratava, sendo certo que, falar disto antes do 25 de Abril, era uma coisa muito complicada devido à existência de uma polícia politica como a PIDE (Policia Internacional de Defesa do Estado)", disse.
"Disse-lhe que sim porque não concordava com o antigo regime e porque me sentia honrado com o convite. Mas reconheço, com humildade, que também aceitei o convite porque era difícil dizer que não a um homem com a dimensão de Salgueiro Maia", acrescentou o autarca de Grãndola.
Depois de ter participado na Revolução de Abril, Carlos Beato acabou por adquirir alguma experiência política como secretário-geral do antigo Partido Renovador Democrático (PRD) fundado pelo general Ramalho Eanes.
O regresso à política surgiu nas eleições autárquicas de 2001, quando aceitou o convite dos dirigentes do PS para se candidatar à Câmara de Grândola, em que viria a ser eleito como independente.
Carlos Beato começou a ser sondado por algumas das mais destacadas figuras do PS, no princípio de 2000, mas, afirma, "nem o então primeiro-ministro António Guterres acreditava na possibilidade de derrotar o PCP na vila de Grândola".
Para surpresa de muitos, Carlos Beato não só foi eleito com maioria absoluta nas autárquicas de 2001 como viria a ser reeleito para um segundo mandato em 2005.
O autarca assume como principal objectivo a concretização dos empreendimentos turísticos de Tróia, Pinheirinho, Costa Terra e Comporta, que deverão transformar o litoral alentejano num dos principais destinos turísticos do País.
"Penso que tenho desempenhado um papel importante na responsabilização social dos promotores do desenvolvimento da região e no combate à burocracia. Quando não se pede para o bolso mas para fins públicos e com total transparência, fica tudo mais fácil", disse à Lusa Carlos Beato, salientando que os investimentos em curso na região ascendem a 2.000 milhões de euros e deverão criar "cerca de cinco mil postos de trabalho directos e cerca de dez mil indirectos ou induzidos".
Como contrapartida pela viabilização do empreendimento Herdade da Comporta, a Câmara de Grândola assegurou um investimento global de 10 milhões de euros na requalificação das infra-estruturas da Freguesia do Carvalhal - novas vias, iluminação pública, passeios, ciclovias, parques de estacionamento, sendo cinco milhões de euros comparticipados a fundo perdido pela Herdade da Comporta.
"Não fazia sentido que o Carvalhal ficasse esquecido só porque se trata de uma zona já habitada", justificou Carlos Beato, defendendo a necessidade de dotar aquela Freguesia de melhores infra-estruturas.
A par dos empreendimentos turísticos do litoral alentejano, Carlos Beato destaca também o projecto de musealização das antigas minas do Lousal, com um Centro de Interpretação e, dentro de alguns anos, com a descida ao interior da mina.
Carlos Beato mostrou-se igualmente satisfeito com o acordo alcançado com o Governo português para a construção no Concelho de Grândola, do novo estabelecimento prisional que irá substituir a Cadeia de Pinheiro da Cruz.
Convicto de que o Concelho de Grândola vai mudar bastante, para melhor, nos próximos anos, Carlos Beato, assume desde já a recandidatura a um novo mandato autárquico na Câmara de Grândola, esperança de ver concretizados muitos dos projectos anunciados para o Município.