segunda-feira, 12 de julho de 2010

Mil milhões em obras turísticas no litoral alentejano

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DN, 12.07.2010
Projectos totais de 3,5 mil milhões de euros, parte dos quais já avança no terreno, prometem mudar a face da região
Um terço dos cerca de 3,5 mil milhões de euros de investimento turístico projectado para o litoral alentejano está em obra. "Temos no terreno investimentos na ordem dos mil milhões de euros, incluindo obras já concluídas. É o caso do Tróia Resort, mas também, por exemplo, de infra-estruturas dos empreendimentos do Pinheirinho e Costa Terra", disse ao DN o presidente do Pólo de Desenvolvimento Turístico do Litoral Alentejano, Carlos Beato.
"Estamos a falar do surgimento de 32 mil camas. E estamos a falar na criação de 15 mil postos de trabalho directos num horizonte temporal de 10 anos."
Os primeiros a avançar foram a Sonae Turismo e o Grupo Amorim, tendo o Tróia Resort sido iniciado com a detonação de 95 quilos de explosivos, em Setembro de 2005, que deitaram por terra duas das seis torres da Torralta, projecto turístico iniciado em 1967 e que previa a criação de 70 mil camas.
A empresa entrou em processo de falência logo a seguir ao 25 de Abril, passou pelas mãos do Estado e acabou nas da Sonae Turismo que, há cinco anos, iniciou a construção do Tróia Resort numa faixa de 486 hectares entre a Reserva Natural do Estuário do Sado e o Parque Natural da Arrábida. Hotéis e apartamentos de luxo, golfe, casino e marina constituem os pilares do projecto, cuja primeira fase representou um investimento de 320 milhões de euros, tendo sido vendida metade das casas construídas, o que permitiu um encaixe de 130 milhões de euros. A construçãoimobiliária será retomada em 2012.
Depois de um processo que se arrastou durante anos, também os empreendimentos Costa Terra (adquirido em 2008 pelo empresário Pedro Queiroz Pereira, que se propõe investir cerca de 530 milhões de euros) e Herdade do Pinheirinho (projecto do grupo Pelicano que envolve um investimento de 500 milhões de euros e cuja gestão será feita pela cadeia hoteleira Hyatt, uma das mais importantes a nível mundial) iniciaram os trabalhos de construção de infra-estruturas.
A estes três empreendimentos junta-se o projecto da Herdade da Comporta, no qual o Grupo Espírito Santo prevê arrancar até final do ano com a construção das infra-estruturas de um empreendimento turístico onde está previsto um investimento global de 1,2 mil milhões de euros.
"Não são empreendimentos imunes à crise. Não digo isso. Mas os projectos do litoral alentejano não pararam, bem pelo contrário, com a situação que estamos a atravessar", garante Carlos Beato, reconhecendo, no entanto, que terá havido um "abrandar" do ritmo.
"A face do litoral alentejano vai mudar. Queremos que esta seja uma região de atractividade turística com uma imagem amiga do ambiente. Tudo o que se está a passar no sector do turismo contribui para promover oportunidades, emprego e qualidade de vida."
Para António Lacerda, director-executivo da Agência Regional de Promoção Turística do Alentejo (ARPTA), os projectos em curso nos concelhos de Grândola e Alcácer do Sal serão um "contributo" para a "afirmação" do Alentejo enquanto destino turístico: "É na multiplicidade de produtos, uns mais litorais, outros mais interiores, que o Alentejo tem uma especial janela de oportunidade." Iso porque "os destinos que se estruturam a partir de uma certa monocultura turística, que vivem de um único produto, podem enfrentar situação de grande insegurança e instabilidade".